Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the health-check domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/storage/7/53/f9/bchaos1/public_html/wp-includes/functions.php on line 6114


Infécham
03/08/2022 || Textos

A inveja ocupa um lugar curioso na nossa cultura. É um argumento coringa contra qualquer desagrado e acredita-se que tenha poderes de maldição contra seus alvos, eximindo-os da responsabilidade pelas consequências de suas escolhas. É também uma carta na manga chauvinista, na forma de mais uma teoria velha mal interpretada que encaixota a psiquê das pessoas dotadas de um genital dentro da pura inveja do outro genital. É tema constante das canções que reafirmam uma cultura de feminilidade competitiva e faz muito sentido numa cultura que atrela ideais de consumo e posse à promessa de felicidade e respeito.

Me surpreende e imediatamente depois me entedia pela previsibilidade que a inveja praticamente só não seja recorrente no discurso popular para tentar explicar a subjetividade das relações de opressão do lado do opressor. Não deve ser coincidência que mulheres tenham fama de descontroladas emotivas e péssimas motoristas quando é fato concretíssimo que são os homens que assassinam quando rejeitados e provocam a maioria esmagadora dos acidentes de trânsito. Numa sociedade como a nossa, embotada pelo conservadorismo requentado e temperado com a receita do neo-protestantismo-ultra-neo-liberal, não deve ser coincidência que estejam tentando requentar também um estigma de uma doença para atacar a vivência livre da sexualidade. Deve mesmo doer muito abafar os próprios questionamentos, racionalidade, desejos debaixo de uma caçamba de culpa e medo enquanto assiste a uma parcela do mundo fazendo o que gosta sem castigo. Dói mais que dar o cu, fica a dica.







posts do antigo blog