A essa altura da minha vida eu só quero que tudo se exploda. Quero ver todas as regrinhas vazias inventadas que organizam nossos processos, todos os processos inventados que compoem nossa sociedade, toda essa sociedade mal erguida que molda tudo que somos, tudo o que pudemos ser até agora, tudo se estilhaçando pelos ares. Que os ares também sejam atirados pela destruição, como acontece com o ar em uma explosão. Que não sobre nada além de micro grãos inúteis e indicerníveis voando em todas as direções, desmanchando qualquer memória do que um dia já formaram, como é um beira-mar por onde se caminha sobre milênios reduzidos a areia fofa. Que os micro grãos infinitos sem memória invadam um nada infinito e seu movimento sem alvo forme constelações que se parecem com coisas que ainda não ganharam nome.