DJ é alguém que faz um set list para pessoas dançarem em uma festa. Para DJs que levam a sério, esse set list é resultado de uma pesquisa intensa. Para DJs que levam a sério e tem verdadeira paixão por música, essa pesquisa é a dedicação de uma vida. Para quem leva a sério e faz isso com paixão há mais de 20 anos, como a nossa DJ Cris Foxcat, esse trabalho se traduz em algo que podemos vivenciar como um verdadeiro mimo. DJs não são pessoas apertadoras de play contratadas, o que oferecem é a música colhida e entregue como um presente carinhoso, uma experiência humana de comunhão. É uma tristeza que espaços que se dizem “alternativos” tratem essa figura com o descaso e a frieza com que se trata um algoritmo de playlist. Caberia aqui algumas reflexões sobre a precarização de éticas de trabalho, sobre a naturalização de um embrutecimento de algumas relações. Culpar a ignorância alheia esvazia a gravidade da questão. Não é preciso entender o que é indie, já ter discotecado, não é preciso sequer gostar do set da DJ para enxergar o trabalho da outra pessoa como digno de respeito. O que que aconteceu na noite de ontem no Mira com nossa querida Cris Foxcat é algo que nós, pessoas que se encontram e celebram a vida na noite, não podemos aceitar.