Um pra trás, dois pra frente
22/03/2018 || Textos

Bom, aqui estou de novo. Meu blog estava parado nos últimos 5 anos. Nesse tempo, estive amadurecendo minha relação com a internet e minhas opiniões sobre as redes sociais até que cheguei num ponto de ruptura. Foi gradual. Comecei tentando controlar meu tempo gasto no facebook e logo senti a eficiência da armadilha que me puxava de volta. Só recuperei o controle do meu tempo depois de desinstalar o aplicativo do meu celular, o que fez com que um novo mundo se descortinasse… na verdade, era o mesmo mundo à minha volta que eu, assim como o resto dos mortais de olhos grudados no smartphone, havia aprendido a ignorar. Um pequeno fio – a necessidade de divulgar meu trabalho com tatuagens – me mantém ligade ao facebook e instagram, me impedindo de deletar de vez todas as contas que tenho. Será possível sobreviver com esse negócio hoje, sem as redes? Estou estudando a questão. Para todo o resto, posso dizer sem ressalvas, as redes sociais são completamente dispensáveis.

Grande parte das coisas que aprendemos a ver como um “mal necessário” são na verdade simplesmente um mal com um ótimo marketing. Não acho que entregar tudo o que grandes corporações precisam para capitalizar nossas demandas políticas e refinar as ferramentas de manipulação midiática e mercadológica é um preço justo a se pagar para ver fotos, rir de bobagens, ler notícias, se engajar, fazer amigos e brigar com estranhos. Eu faço todas essas coisas aqui, do lado de fora. Ainda posso ver as fotos da sua viagem, que tal me chamar para um café?

Mas minha briga não é com a internet. É inegável o potencial de uma rede onde podemos nos conectar e nos expressar. Sim, nos expressar. Uma das distorções que as redes sociais produzem é a sensação de que dar opinião “sobre tudo” é algo condenável. Ficamos entre as pessoas que se expressam e as que reclamam do incômodo dessa falta de etiqueta. Mas pessoas se expressando, por si só, não é um problema, você sabe (impressionante precisarmos falar disso). O que te incomoda é o excesso de absorção, são as horas que você passa olhando para a tela sem perceber, sem dormir, é seu cérebro cansado de processar centenas de informações fragmentadas a ponto de desaprender a focar. E é assim que se fica incomodado por alguém dar uma opinião. Deixo essa reflexão como um ponto de partida pra quem está em busca de um.

Em suma, eu ainda amo a internet, mas estou re-descobrindo-a. Trocar os aplicativos de organização pelo meu velho caderninho que funciona tão bem, deixar meu smartphone fora do quarto à noite para acordar ao som de um despertador… e agora aqui estou, ressuscitando o Blog. E assim segue a jornada para re-descobrir como compartilhar sem me vender. Aceito convites para café.