Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the health-check domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/storage/7/53/f9/bchaos1/public_html/wp-includes/functions.php on line 6114


Prisões
16/07/2022 || Textos

Angela Davis nos fala da importância de nos permitirmos imaginar e propor novas soluções e com isso, novas possibilidades de mundo. Essa talvez seja a noção mais revolucionária ou talvez a única: a percepção de que para sequer aspirar a uma mudança profunda, é necessário antes de tudo romper com as amarras daquilo que conhecemos. O apego àquilo que já conhecemos nos impede de transformar e não coincidentemente é encorajado em nome de pretensos realismo e prudência. E como tantas coisas que interessam ao status quo, o medo do desconhecido, do novo, ganha a etiqueta de “inerente à natureza humana”, como se a excitação pelo novo ou o gosto pela aventura nunca houvessem motivado nenhum homo sapiens. Regimes autoritários são erguidos sobre idéias rígidas sobre o mundo, regimes inaceitáveis se perpetuam alimentados pela convicção de que outras possibilidades são absurdo.

Para vencer o inaceitável, é pŕeciso se permitir imaginar. Um mundo sem prisões, como Angela imaginou, um mundo sem a opressão do poder, um mundo onde corpos pertençam às pessoas que os vestem… Mas aí está outra armadilha, cuidado. A imaginação é sim incentivada pelos mecanismos que rodam essa máquina inaceitável, mas ela é reduzida ao papel de escape. Há um discurso que trata como poético e lindo e até saudavelmente necessário que as pessoas recorram à imaginação para escapar do que as cerca. Claro que isso em si não é um problema. O problema é quando tudo o que se permite é fingir enquanto a realidade permanece intacta. O inimigo pode ser disforme, mas é esperto. Porém, se sabemos para onde escapamos em nossos sonhos, sabemos onde queremos chegar. Começa daí. Bora caminhar.