Por favor, fiquem com raiva, com vontade de tacar fogo, de virar a mão na cara. É pra travar o maxilar e as mão apertadas em punho. Aí poderemos jogar essa energia na direção que decidirmos, podemos marcar um encontro pra pensar sobre isso, que tal? Raiva é uma energia, como diria aquele punk duvidoso e a minha terapeuta. Não uma energia do tipo mística, mas uma energia do tipo disposição, do tipo trabalho, como descreve a raíz etimológica grega dessa palavra. E não se preocupe, essa raiva já está aí, como você no fundo sabe.
Esse desânimo depressivo é a raiva que você engoliu sugando você por dentro. Não dá pra digerir e expelir raiva, não dá. Ela vai pra fora através de outras funções vitais, mas a parte boa é que você pode usar sua racionalidade pra pensar em estratégias construtivas, você não está à mercê de suas tripas da barriga nem de seus impulsos destrutivos. Use o incômodo da necessidade de jogar essa raiva no mundo como um incentivo para ultrapassar esse medo paralizador. Pare de repetir pra você que o medo é uma função primitiva de segurança, funções primitivas podem ser muito enganosas agora que não estamos mais nas cavernas. Elas podem gerar ansiedade, por exemplo, e nesse caso podem até nos levar a voltar para as cavernas. Quando o medo bater, lembre-se de que nós nunca conquistamos nada recuando. Vai com medo mesmo, mas com a convicção de que é importante e com a segurança de que estar do lado certo da história pode ser algo cotidiano, mas não é qualquer coisa. Você sabe do que estou falando.