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action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/storage/7/53/f9/bchaos1/public_html/wp-includes/functions.php on line 6114As circunstâncias da vida se atropelaram nos últimos meses e eu acabei lidando com problemas de saúde e uma mudança de apartamento tudo ao mesmo tempo agora. Haja cortisol e falta de tempo! Pois agora Blog, newsletter-zine e o escambau estão de volta e tenho dito! Oras.
Picotei e colei umas coisas e finalmente tirei do plano das idéias um som que já vinha maturando na minha cabeça há um tempo.
Hoje eu, minha esposa e um amigo pedimos um uber. Quando atravessámos a rua em direção ao carro que chegou, o motorista nos olhou com cara feia, mas demos nossos “boa tarde” corteses. Assim que tocamos nas maçanetas das portas, o motorista arrancou o carro e foi embora, sem dizer nada. Quase passou em cima do meu pé.
Em algum momento, meses atrás, me deparei com o video de “Wet Sümmer”, da talentosíssima Mörmaid. A música por si só é uma delícia, mas além disso descobri que esse video, sei lá por que e como, faz cosquinhas sinestésicas no meu cérebro. Fiz um desenho de um sofá para uma futura arte pro nosso coletivo inspirado em todo derretimento surreal do video, que acabou não sendo usada. Mas agora, com a proposta de fazermos uma edição da festa mais voltada para o som dos meus amados sintetizadores, as imagens do “Wet Sümmer” pipocaram mais uma vez na minha mente. Com a música no repeat, fiz um outro desenho inspirado no video e no som, que gostei mais, e que virou a arte pra próxima festa, a ser postada em breve.
#kaijune2024 #kaijune
Tal qual a carreira da Madonna, fiz 40 anos muito bem feitos e vou comemorar afrontosamente.
DJ é alguém que faz um set list para pessoas dançarem em uma festa. Para DJs que levam a sério, esse set list é resultado de uma pesquisa intensa. Para DJs que levam a sério e tem verdadeira paixão por música, essa pesquisa é a dedicação de uma vida. Para quem leva a sério e faz isso com paixão há mais de 20 anos, como a nossa DJ Cris Foxcat, esse trabalho se traduz em algo que podemos vivenciar como um verdadeiro mimo. DJs não são pessoas apertadoras de play contratadas, o que oferecem é a música colhida e entregue como um presente carinhoso, uma experiência humana de comunhão. É uma tristeza que espaços que se dizem “alternativos” tratem essa figura com o descaso e a frieza com que se trata um algoritmo de playlist. Caberia aqui algumas reflexões sobre a precarização de éticas de trabalho, sobre a naturalização de um embrutecimento de algumas relações. Culpar a ignorância alheia esvazia a gravidade da questão. Não é preciso entender o que é indie, já ter discotecado, não é preciso sequer gostar do set da DJ para enxergar o trabalho da outra pessoa como digno de respeito. O que que aconteceu na noite de ontem no Mira com nossa querida Cris Foxcat é algo que nós, pessoas que se encontram e celebram a vida na noite, não podemos aceitar.
Eu prometi que se a Nymphia Wind ganhasse, eu gritaria a plenos pulmões pela janela igual a um hétero torcendo por futebol – e eu sempre cumpro minhas ameaças.
… mas vai ficar só por aqui.
No domingo de carnaval estaremos na varandinha do Yanã botando a rua pra dançar.
Vem, vai ter banho de mangueira!
“Diabo!”
Um fator de ansiedade constante na minha vida desde a infância, é a noção de que o tempo passa e parece passar cada vez mais rápido. Não acredito que esse janeiro já está acabando! Cá estou eu mais uma vez fazendo cronogramas e listas. Vou aproveitar e brevemente indicar a leitura de Sobre o Tempo, livro genial em que o sociólogo Norbert Elias explica como a noção do tempo foi construída de diferentes maneiras ao longo da história. Curioso como coisas não concretas podem atropelar a gente com a solidez de um caminhão.
Aqui vão algumas recomendações e comentários, que estão mais para pílulas de arte queer:
Li o livro de memórias Highschool, das irmãs Tegan e Sara que muita gente conhece pelo hit indie dos anos 00, Back in your head, e de cujo album de 2022, Crybaby, eu tirei o título dessa postagem. Mas essa informação sobre serem uma banda pode ser completamente ignorada para falarmos desse livro. Vamos colocar assim: são as memórias de adolescência de duas irmãs gêmeas no período em que estavam rompendo com uma subjetividade dependente, que parece ser o resultado comum da socialização que pessoas gêmeas vivenciam, e construindo sua identidade e individualidade através da descoberta da música e de suas homossexualidades. Os capítulos se revezam sendo escritos a cada vez por uma das duas, duas histórias completamente diferentes. Há o medo, excitação, solidão e ternura, muita ternura, a caminho do encontro consigo e com os seus, que falam diretamente com o coração de quem teve a vida tocada pela música e se viu fora da curva heterocisnormativa quando jovem, principalmente se isso aconteceu nos anos 90. É lindo. Esse livro é uma pérola queer.
Radical Romantics é o terceiro genial album solo de Fever Ray, ex-metade do The Knife, lançado ano passado. Esse é seu segundo album cujas letras, sonoridade e estética partem mais explicitamente de sua vivência enquanto pessoa que finalmente mergulhou de cabeça em sua identidade sexual e de gênero dissidentes já com certa maturidade. Dessa vez, a proposta é falar sobre as diversas facetas do amor, em suas versões mais contraditórias, violentas, sublimes, edificantes, tesudas. Vou destacar a parte visual que acompanha essa nova fase, para a qual deliciosamente me faltam palavras.
Mais recentemente, esbarrei por acaso com as pinturas de Gluck, que registraram como Hannah Gluckstein em seu nacimento em 1895 em Londres. Assim que ganhou independência financeira com uma pequena fortuna dos pais, cortou os cabelos, trocou os vestidos pelos ternos, assumiu o nome Gluck com a instrução “sem prefixos, sufixos ou aspas” e foi viver seus romances com mulheres de maneira desavergonhada para a época. Em especial, achei impactantes seus auto-retratos e tocantes suas pinturas que retratam Gluck com suas amantes em momentos como curtindo na grama sob o sol ou num passeio de canoa.